outubro 30, 2011

Hera 'wins' - e um mundo de Zeus

Tendo umas coisas para falar sobre Hera e outras sobre Zeus, resolvi fazer uma "hierogamia" colocando ambos textos em uma postagem só. Vamos começar pelas damas:

HERA

No mundo moderno, as representações de Hera normalmente são de algo no estilo Endora de 'A Feiticeira', madastra-má de conto de fadas, os olhos malvados no céu do seriado de Hércules etc. Para essas pessoas que a imaginam assim, Hera seria uma espécie de megera vingativa que vive enfernizando as/os amantes do marido. Olha, para mim isso é um grande equívoco; não um mero "mistake", mas um "BIG FAIL" mesmo. E não é só pelo fato de Hera ter tanto mais trocentos atributos além de rainha e de deusa dos compromissos (sim, porque não é só do casamento, até as sociedades entrariam aí).



Quando compreendi Hera e depois acompanhei a novela 'Caminho das Índias', identifiquei prontamente algumas características da personagem da atriz Christiane Torloni (Melissa Cadore) com ela - ao menos nessa questão de administrar a relação familiar. Por quê? Porque, mesmo descobrindo que o marido tem uma amante, não é a ele que ela ataca (afinal, ela não quer permitir que uma qualquer prejudique seu casamento), mas sim à talzinha atrevida que se intrometeu no caminho interferindo sua paz. Ao mesmo tempo, ela deixa o marido saber que ela sabe de tudo e que é superior, faz com que ele perceba que não vale a pena perdê-la por outra que nunca será tão admirável quanto ela. Na novela, isso acontece no fato de ela dar uma surra na amante do marido (que inventa que apanhou porque reagiu a um assalto), pega a jóia que ele tinha dado para a amante e usa-a diante dele, que fica atônito ao reconhecer o presente da outra sendo exibido pela esposa. Sagaz. Mostrou quem manda. À maneira da natureza, que faz o macho que vence a luta corporal ganhar a fêmea, na inversão dos gêneros a amante não deu nem pro cheiro, e o macho em questão ficou com a fêmea vencedora. Não é preciso se rebaixar a uma vingança mesquinha. Basta demonstrar sua magnanimidade régia para punir a insolência da "mortal" que teve a petulante hybris de se achar boa o bastante para ser a consorte do rei/deus do pedaço. Agora sim, "BIG WIN".



Sou fã de Hera. E nem precisa ser "dia de rock, baby!".



ZEUS

Um dia desses, tive um sonho com um deus nórdico loiro de cabelos lisos compridos e nome complicado. Estávamos eu e meus amigos em um ônibus (que nos meus sonhos costuma ser a representação da parte social da minha vida), quando ele apareceu. Eu lhe perguntei o nome e a que deus se reportava, e ele respondeu 'Zeus'. Então perguntei-lhe como um deus nórdico seguia a Zeus, grego; e ele dizia que agora todos os panteões eram regidos por Zeus.

Antes que comecem a pensar que foi uma puxação de sardinha pro nosso lado, deixa eu explicar o que eu realmente interpretei disso aí, simbolicamente falando. Zeus, para mim (e o sonho era meu), estaria ali representando a ordem, com uma administração que - ao mesmo tempo centralizada - é baseada no conceito de uma imensa família que se conhece e se entende e permanece junta apesar dos pesares. Isso é uma coisa que o mundo andava e ainda anda precisando e que - aos trancos e barrancos - me parece que vem acontecendo. As distâncias se encurtaram, as pessoas se aproximaram mesmo que virtualmente, sujeitos e grupos com filosofias parecidas se uniram, forças de trabalho foram recrutadas mais facilmente em meio a redes onde uma ilibada vida pessoal 'online' pode refletir numa oportunidade profissional, e tudo isso independente da crença ou do panteão. Há uma ordem que é universal, para a qual todos caminham ou inconscientemente buscam caminhar. Aquele equilíbrio que a maioria procura, mesmo quando por vias de desagregação para remontagem de si.

Esse tipo de condução funciona para muitas coisas. E acredito que funciona para a minha vida e para o caso do nosso grupo de crenças. Mas, claro, só posso falar por esse lado, afinal era um sonho meu no mundo que eu conheço, e por isso outros terão todo o direito de pensar diferente e de funcionar de outra forma. O meu jeito é o de Zeus e o de Atena. E, pelo princípio da xenia (hospitalidade, amizade convidativa), receberei bem qualquer nórdico ou outro visitante (independente de ser lindo e louro) que quiser se apresentar.

6 comentários:

  1. Bom, sem comentários! Rss... perfeito!!!
    Bom, Caminho das Índias foi um palco de deuses, né? Melissa-Hera, Raul-Zeus, Tarso-Dioniso e vai indo rss... fantástico!!! =D
    Ai Zeus *suspira*... meu amado ordenador do cósmos (pleonasmo vicioso hahaha, não tem quem não se renda aos seus encantos! =D

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  2. Oi Alex!

    Mais um excelente post, um post de referência :) Parabéns querida!

    PS: Li seu twt, obrigada! Gostei do sonho ;)

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  3. Casal danado esse né? Hera é muito incompreendida mesmo. eu mesma digo que não tenho compreensão dela direito e nem tenho essa prentenção tão cedo, mas gosto de ler sobre ela, entender melhor os domínios dela.

    sempre um prazer ler seus textos!

    bjs

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  4. Esse é um dos meus textos favoritos,parabens pelo blog!

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